2008-12-29

Orgulho editorial

Desde que eu entrei na Linux New Media (do Brasil), em julho de 2006, acho que tenho melhorado profissionalmente. Não tenho tantos artigos técnicos de minha autoria quanto eu achei que teria depois de 2 anos e meio – afinal, não dá tempo pra editar e escrever tantos artigos.

Mas a seção fixa que eu escrevo me dá muito orgulho, porque acho que quando estou inspirado eu escrevo bons textos. Então, pra promover a Linux Magazine, este blog e eu mesmo (:D), aqui vão meus oito editoriais preferidos:

  1. Em Compreensão formal (LM 35), terminou a série de editoriais em tom de reclamação sobre a comunidade de desenvolvedores do Software Livre (iniciados na LM 32). Nele, declarei minha posição contra a polêmica apropriação dos drivers ath5k por essa comunidade sob a GPL, após sua criação sob a licença BSD. Achei a apropriação imoral, e ainda a julgo ilegal, apesar de ninguém ter perguntado e da minha opinião não ser de forma alguma relevante.
  2. Em Coerência e coesão (LM 33), fui novamente corajoso e critiquei a atitude de vários usuários e desenvolvedores contrários à cobrança de dinheiro para implantação e desenvolvimento de soluções livres.
  3. Em Comunidade como valor (LM 47), falei da importância crescente da comunidade para as empresas envolvidas com o Código Aberto. O surgimento do cargo de “community manager” é, pra mim, o maior exemplo dessa importância.
  4. Em As velhas falácias (LM 45), falei sobre a crença muito difundida de que o Windows é mais invadido do que o Linux por ser mais usado, e não por ser muito mais vulnerável. Gostei desse por acreditar de fato que o texto poderia ajudar profissionais Linux.
  5. Em Novos modelos
  6. (LM 46), o assunto foi o anúncio da IBM de que produziria desktops “Microsoft-free”. Embora parecesse um ato de suposto boicote aos softwares da Microsoft, o objetivo real da IBM era e ainda é usar o Linux como plataforma de difusão de sua suíte Lotus. O surpreendente, pra mim, foi ver que o mercado demorou pra perceber essa oportunidade de ouro!
  7. Em Um bom motivo (LM 32), reuni coragem para criticar a atitude de usuários e desenvolvedores Linux e citei uma colocação muito bem feita de Theo de Raadt: “Quem usa Linux o faz porque odeia o Windows, quem usa BSD o faz porque ama o Unix”. Por um lado essa frase sugere que nosso mundo é cheio de ódio (há muito mais pessoas que odeiam o Windows do que pessoas que amam o Unix, aparentemente). O bom motivo que serviu de titulo ao editorial foi a discussão sobre a GPLv3, então ainda em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que a Microsoft distribuía acordos com distribuidores Linux importantes e nem tanto.
  8. Em A vez do marketing (LM 40), propus uma abordagem colaborativa para o marketing dos sistemas Linux. Esse assunto ainda é do meu interesse mais profundo, e acho realmente que o marketing é uma das próximas áreas a serem agraciadas com as inúmeras vantagens da colaboração.
  9. O primeiro colocado na minha lista pessoal de editoriais mais significativos é o Idiomas e sistemas (LM 30), escrito às 3 da manhã antes de um Linux Park. Nele, eu falo sobre como o uso de um computador se assemelha ao uso da linguagem oral, com os diferentes sistemas operacionais representado os vários idiomas. Eu defendo o ensino do Linux nas escolas, da mesma forma que defendo o ensino do inglês nas escolas brasileiras (e outros idiomas seriam ainda mais positivos para nossas crianças). No caso dos sistemas, se o aluno já vai aprender o Windows fora da escola mesmo (todo mundo usa Windows no momento, certo?), que tal torná-lo “poliglota” e ensinar-lhe um sistema diferente e potencialmente muito útil na escola?

E você? Qual é o seu editorial preferido na Linux Magazine?

2008-06-08

O sucesso da GPL é um milagre?

Antes de começar esse post, quero deixar claro que adoro software GPL, sempre tenho preferência por usar Software Livre (e ainda escrevo com letras maiúsculas!) e, não por acaso, ganho a vida escrevendo sobre Código Aberto (também com letra maiúscula!).

Acho um pouco estranho um software GPL como o (kernel) Linux ter alcançado a ampla difusão mais rápido do que seus equivalentes licenciados sob a licença BSD.

Entenda as diferenças

De uma forma extremamente simplificada, a GPL exige, entre outras coisas, que o código-fonte de todo programa seja disponibilizado para o usuário sem custo adicional. Além disso, ela demanda que toda alteração feita ao código-fonte de um programa, ao ser redistribuída, seja entregue de volta à comunidade. Com isso, é obrigatório compartilhar com a comunidade todos os avanços implementados no programa.

A BSD, por sua vez, é muito mais permissiva. Qualquer software licenciado sob a BSD pode ser redistribuído sem o código-fonte, e as alterações feitas ao código não precisam ser compartilhadas com ninguém. Porém, se forem compartilhadas com a comunidade, essas alterações devem seguir a licença BSD. Ou seja, basicamente a BSD permite que se faça o que quiser com o código, inclusive fechá-lo à vontade.

O que me leva a esse pensamento é que a BSD parece muito mais viável comercialmente do que a GPL. Na GPL, a obrigatoriedade do retorno do código alterado à comunidade é ótima para a comunidade, claro. Porém, para empresas que desejem usar esse código em seus produtos, acrescentando a ele algumas alterações, essa obrigação pelo menos parece um problema.

No início da popularização do Software Livre, a GPL era chamada de "câncer" justamente por isso: ela "contaminava" os softwares desenvolvidos a partir de outros que a adotassem, obrigando o fabricante a retornar à comunidade trechos que ele não desejava. Então, a adoção do Software Livre como base para o desenvolvimento seguiu a lenta percepção das empresas de que colaborar é melhor do que reinventar a roda.

Com código BSD, essa percepção de que colaborar é melhor do que reinventar a roda poderia surgir mais gradativamente. Com uma base de código de alta qualidade liberada sob a BSD para todas as empresas, todas poderiam tomá-lo para si e desenvolver sobre ele, sem retornar nada a princípio. Porém, certamente algumas perceberiam as vantagens de retornar à comunidade pelo menos alguns trechos.

Com uma barreira de entrada reduzida, mais empresas usariam código aberto (BSD, no caso). Assim, existiria o argumento de que "quase todo mundo usa nosso software", o que, por sua vez, creio que facilitaria na hora de convencer as empresas usuárias e desenvolvedoras de que o código aberto tem boa qualidade e portanto vale a pena todos compartilharem seus desenvolvimentos com o restante da comunidade.

É claro que eu sei que isso não aconteceu, e que houve motivos. Só não sei exatamente quais foram esses motivos. Sugestões?

2008-05-11

Substituição de fontes pra todo o sistema

Meu Firefox é uma ferramenta que funciona muito bem. Não instalo muitas extensões e ele me satisfaz perfeitamente. Quando preciso de algo a mais, geralmente já existe a extensão para a tarefa, o que torna a coisa toda muito mais agradável. Não amo o Firefox, mas ele é ™.
Só que hoje eu percebi uma falha dele: não facilitar a substituição de fontes de forma granular. Ou seja, ou você define as suas próprias fontes e visualiza todas as páginas com essas fontes específicas, ou você deixa as páginas fazerem como quiserem.
Eu geralmente deixo as páginas usarem as fontes que quiserem, o que não costuma causar problemas. Exceto pelas que cismam em usar Helvetica. Acontece que a Helvetica não sofre anti-aliasing na tela, o que significa que ela fica toda imperfeita (serrilhada).
A solução: mexer no arquivo /etc/fonts/conf.d/51-local.conf (no Gentoo é esse nome, mas em outras distribuições deve ser diferente) e inserir algumas linhas entre as tags <fontconfig> e </fontconfig>para fazer o sistema sempre usar DejaVu Sans (minha preferência para fontes não serifadas) no lugar da feiosa:
/etc/fonts/conf.d/51-local.conf
<match target="pattern">
 <test qual="any" name="family">
  <string>Helvetica</string>
 </test>
 <edit name="family" mode="assign">
  <string>DejaVu Sans</string>
 </edit>
</match>
Depois disso, suas Helveticas sempre vão sair como DejaVu Sans.
Fonte: http://forums.bsdnexus.com/viewtopic.php?pid=12222

2008-02-17

Ô Intel, dá uma caprichada, vai... [atualizado]

O adaptador de rede wi-fi do meu notebook é um Intel 3945. O da minha mulher (um Macbook da primeira geração) também. Na verdade, por dentro os dois computadores são relativamente parecidos: mesmo chip gráfico, mesmo adaptador de rede wi-fi, processadores semelhantes.

O que é mais marcantemente diferente entre as duas máquinas -- fora o fato de o Macbook ser muito mais bonito, é claro -- é o sistema operacional: o meu é Linux e o dela é Mac OS X.

Mas essa diferença relativamente pequena tem um efeito em particular que é bastante grande: o funcionamento do adaptador wi-fi. Nosso roteador wi-fi fica no apartamento ao lado, que é da minha prima (é ela que tem o acesso à Internet, e nós pegamos emprestado). No Mac, basta ligar o sistema (aliás, que boot rápido! -- um sonho) e esperar uns 5 segundos que o ícone informa que já está conectado à nossa rede com criptografia WPA-PSK.

Já nos meus Linux (Gentoo e Ubuntu -- Mint, na verdade, mas no Ubuntu original também acontecia) a coisa é um tanto mais demorada. Depois de terminar o boot e subir o X automaticamente, entrando sozinho no Gnome sob o meu usuário padrão (segurança pra quê, né?), espero mais 1 minuto ou mais pra ser informado de que meu adaptador wi-fi está negociando a autenticação com o roteador. Eu tenho que me movimentar pelo apartamento, mesmo que eu comece a "negociação" no canto do apartamento que fica mais próximo ao roteador, pra conseguir autenticar lá pela quinta tentativa, depois de dar time out quatro vezes.

Se a principal diferença entre os dois computadores é o sistema operacional, eu pergunto: por que o driver pra esse adaptador de rede é tão pior no Linux do que no Mac OS X?

É a própria Intel que produz o driver pra Linux! E imagino que também seja o caso no Mac OS. Então, o que que custa fazer o driver decentemente?

Por favor não me venham com essa de "o código é aberto, você pode implementar o que quiser ou ajudar a melhorar sua qualidade". Repetindo: a mesma Intel faz os dois drivers, sendo que um funciona como deveria e o outro é um certo suplício.

É claro que eu fico muito, mas muito feliz MESMO pelo driver para Linux receber "atenção oficial" da todo-poderosa Intel. Senão, não teria feito questão de comprar um laptop que é todo Intel por dentro. Mas vamos lá, Intel, nós sabemos que vocês são capazes de fazer um driver que funcione pelo menos tão bem quanto o do Mac OS X.

Se alguém por acaso quiser discutir isso, ou argumentar que é o meu kernel que é ruim, aí vão os detalhes:

  • O driver ipw3945, que precisava do daemon regulatório ipw3495d, funcionava ainda pior. Kernels de ~2.6.16 até 2.6.20 ou 2.6.21, não me lembro ao certo.
  • O driver iwlwifi já funciona um pouco melhor, desde o começo, com kernel 2.6.21 ou algo assim, até agora, com o kernel 2.6.24.2, com o driver já junto do kernel (mas compilado como módulo, já que embutido realmente não funcionou).
  • Kernels testados: Vanilla (o do kernel.org) e Gentoo-sources, além dos oficiais do Ubuntu desde o 6.10 até o 7.10.

Atualização

Aparentemente, a julgar pelas reações, o meu caso de insucesso com a placa wi-fi Intel é particular. Mas a solução que funcionou pra mim foi colocar o roteador no meu próprio apartamento. Agora, a rede entra rapidinho todas as vezes.

Hmpf.